Olá eu sou Marcílio Augusto e este é um texto baseado em minhas percepções e experiência sobre o assunto.
Usar o Telegram como ferramenta é algo muito legal e importante na estratégia de comunidades digitais. Entretanto, é preciso aprender que isso não é tudo!
Antes de começar, preciso te contextualizar com o que entendo ser uma comunidade de acordo o dicionário e de forma empírica; uma comunidade digital é:
Um ambiente seguro onde existe o conjunto de indivíduos ligados por interesses comuns que se associam com frequência ou vivem em conjunto.
Se você entendeu, como eu, o que diz a citação, se associar com frequência e viver em conjunto, exige um certo grau de troca, conversa, intimidade.
E por causa disso é que eu tenho uma barreira grande com Comunidades Digitais que utilizam (1) uma plataforma com vídeos e então (2) o recurso de Canal no Telegram e então dão o nome daquele produto de “uma comunidade digital”.
É preciso ouvir as pessoas em uma comunidade digital
Um Outdoor, uma revista. Estes são dois exemplos claros de uma ferramenta de comunicação que é unilateral, não tem a intenção de ouvir quem está do outro lado lendo.
Agora falando de meios digitais, temos uma Lista de Transmissão do WhatsApp, um Canal no Telegram, algumas Newsletters.
Me desculpe, caro leitor, mas se as pessoas, membros da comunidade não têm voz, se elas não se comunicam, se elas só recebem mensagens e não existe a possibilidade de interagir e colocar seus pontos de vistas, então você não tem uma comunidade digital online offline que seja (se é que você se propôs em ter uma).
O quanto você consegue crescer quando participa ouvindo do aprendizado de outra pessoa? Nós falamos tanto que as pessoas são únicas, que estamos interessados em pessoas. Mas quando se trata da oportunidade de as ouvir, utilizando da estratégia de marketing, que é ter uma comunidade digital, nós calamos as pessoas.
Mas, por quê? Talvez porque a promessa futura de uma estratégia com recorrência de pagamento nos iluda e nos cega com um dos principais pontos de utilizar essa estratégia.
Eu vejo que isso precisa ser dito para que dois públicos possam ouvir:
- Os que vendem uma comunidade digital (seja qual for o assunto) e;
- Aqueles que compram.
Escrevo isso com uma preocupação de que ambos não sejam engados por um recurso que é excelente, mas que tira completamente uma das principais práticas em uma comunidade: a comunicação mútua.
Mas há esperança para usar o Telegram em uma Comunidade
Acredito que o Telegram seja sim uma ferramenta sensacional com diversos recursos incríveis para quem tem ou quer ter uma comunidade digital.
Faça um grupo no Telegram, deixe as pessoas conversarem, intermedeie as conversas, utilize dos recursos com Bots, faça enquetes, compartilhe imagens, áudios, utilize hashtags (é um dos poucos locais que faz uma busca muito rápida com hashtags no app).
Deixe as pessoas interagirem ao ponto de você até mesmo questionar quem está a frente de tudo isso, você como marca ou eles como membros.
E grave aí no seu coração: Uma comunidade dá voz para todos falarem, seja a marca, sejam os membros.
E se você chegou até aqui, eu quero saber de você:
Quantos Canais do Telegram “te venderam” como uma comunidade digital? A comunidade que você participa tem outros meios de interação entre os membros?
Tu gostas de PODCAST? Então vou indicar que ouça ao episódio que participei no PODCAST do Social Media Cast, onde comento mais sobre meu posicionamento sobre isso e também no TrendCast .
Para ser mais franco ainda
Bom, eu entendo que o Telegram cresceu nos olhos da galera porque não tem restrição de quantidade de pessoas. Isso é muito bom para quem quer ter uma comunidade com muitos membros, porém UM CANAL NÃO É UMA COMUNIDADE.
É uma via de mão única. Só quem posta, quem publica, é o administrador daquele canal.
Você pode responder, fazer comentários, dar feedback, mas qualquer comunidade prevê troca de ideias. Se você tem um canal onde tudo que você consegue fazer é responder, isso é basicamente um lugar para onde você trouxe uma audiência grande dentro de uma ferramenta.
O ponto da comunidade é ouvir o outro e me identificar na fala do outro. Se eu só me identifico com quem está postando como administrador, me identifico na fala de um influencer. Tá tudo certo, só não chame isso de comunidade porque não é.
A gente vê um movimento claro de várias marcas ou lugares que vendem cursos têm várias turmas – isso te leva a pensar em começar a ter um senso de comunidade.
Não faz o menor sentido achar que um grupo desses é uma comunidade, apesar das pessoas estarem lá reunidas, mas muitas vezes você está lá forçado.
Comunidade você escolhe. É empatia por um assunto específico, os mesmos vínculos são compartilhados. Uma família pode ser uma comunidade? Claro! Devem ser, mas na grande maioria das vezes você não vê as pessoas ali porque querem crescer juntas.
E outros grupos
Não digo que sejam, mas são os que têm mais força, tanto por conta da narrativa do Facebook quanto das ferramentas específicas, né, porque dentro do Telegram e do WhatsApp, quais são as métricas que você pode ter? Engajamento, fluxo de conversa, quantas pessoas têm ali….
No grupo de Facebook, você consegue ir além. Uma coisa muito importante é que as comunidades precisam ser regradas. Um grupo do Facebook deixa as regras muito claras logo na entrada. Você vai pedir pra entrar e tem o pessoal dizendo quais são as regras de conduta e como deve ser lá dentro.
Conheço várias empresas que não usam o WhatsApp, nem Facebook, nem e-mail – utilizam o Discord como ferramenta de comunicação interna com toda sua equipe, desde o time Financeiro até o desenvolvedor, mas é aquele negócio, é bem para nichos.
Então, a ferramenta em si não é uma comunidade, mas eles têm pontos positivos que você pode utilizar para gerenciar uma comunidade.
Se eu tenho uma startup, vou utilizar o Twitter e não o Facebook, por exemplo.
Ou seja, grupos de Facebook, WhatsApp, Discord, Slack e outros não são comunidades, mas podem ser uma excelente ferramenta para você criar uma comunidade a partir dele.